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Wednesday, September 27, 2006



Doi-me pensar que ficam
Palavras atravessadas na minha boca;
Presas ao silêncio do meu corpo
E à cor escura dos meus olhos.

Escondem-se sons
Entre a minha alma e o meu corpo;
Unem-se mãos cinzeladas
Mordem-se lábios de secretismo.

Na verdade nunca fui
Mais além do que um sonho;
Nem voei entre ideias dispersas
Para me sentir assim, inócuo .

Doi-me pensar que ficam
Palavras por recriar, eternas memórias.
E uma melancolia na hora
Do adeus leal mas incerto.

É chegada a hora de fechar o livro do pensamento;
E deixar que a poesia ganhe novamente asas
E voe até junto dos vossos corações...

Jean Herbert J&H
"É chegada a hora de fechar o livro do pensamento; " Na verdade o que se irá fechar serão as palavras neste meu e vosso espaço.
Assim encerro um capítulo da minha história com as palavras, da minha cúmplicidade com o papel, do meu romance com os que por aqui passam.
Foi um ano e cinco meses de muita alegria e alguma tristeza, de amor e ódio, de paixão e solidão. O meu primeiro livro está completo e assim me despeço de todos vós que partilharam cada palavra, cada sentimento, com a humildade que é comum na poesia.
É um até já ou um adeus, ficará a incerteza, pois no poeta manda a poesia e na poesia mandam as palavras.
Do vosso amigo;
Jean Herbert 04/2005 - 09/2006

Monday, September 18, 2006

Quando morrer a minha originalidade em penetrar cada palavra e lá deixar o sémen da Poesia, deixarei de me sentir vivo ...

Jean Herbert J&H

Saturday, September 16, 2006

Quem se importa ?















Tenho as mãos sujas e gastas do trabalho diário;

Visto roupas usadas e esmoídas pelo tempo

Meus pés conhecem o solo que pisam

Carregam marcas da poeira e do asfalto.


(Que me importa? )


Um corpo cansado

Espelhado num rosto desfalecido

Trago a àgua dos oceanos no negro

Dos meus olhos e no sorriso

O sol da esperança.


(Que me importa?)


O chão é a minha cama

Meus sonhos são pesadelos que não conheço

Não pergunto e não obtenho respostas .

E vivo sem saber quem me escolheu.


( Que te importa ? )


Não sei quem me escolheu

Para viver neste Mundo

Quem me deu asas para atravessar o deserto

E de seguida roubou-as deixando-me ferido.


( Que te importa ? )


Se o Mundo é guerra, se a criança é fome

Se a morte não é novidade

Se o ódio te alimenta

E a injustiça te persegue.



Que te importa Homem

Que eu seja mais um

A quem darás miséria por companheira

O desespero por cela .



Que me importa Homem que não me oiças

Se as palavras atravessam fronteiras ?

Friday, September 08, 2006














Quero pedir-te permissão

para que as estrelas me

acompanhem até junto a ti

nesta hora que perdi a razão.

Quero pedir-te permissão

para cravar as mãos na terra

que te sufoca e rasgar o manto

branco que cobre o teu rosto.

E por amor, concederes-me

permissão para morrer

a teu lado ...


Jean Herbert J&H

Tuesday, September 05, 2006














Porque chorar
Se varremos as ruas com
o compasso dos nossos passos ?

Porque chorar meu amor,
se ainda não amanheceu
e a noite é uma criança?

Se andei por aí perdido
e me achei no sorriso
que me deste.
Na ternura do teu olhar...

Porque chorar meu amor
Se foi contigo que conheci
as estrelas.
O mar e os seus mistérios.

Como posso continuar
Fingindo que não te vejo chorar
Deixando preso o que já ganhou asas.

Porque chorar
Se sou o motivo
A angústia e o medo ?

Porque choramos
O adeus do que vivemos
A partida do sentimento

Porque choramos
Das marcas que ainda nos ferem
Das vozes e do sangue que nos pertencem?

Porque um amor deixa marcas;
Porque não se esquece ;
Porque não cicatriza ;
E porque na sua partida
Choramos ...


Jean Herbert J&H

Monday, September 04, 2006

Não há mais nada p'ra além da poesia














Eu sonho ser Poeta
De paixões e traições
Poeta de ciúmes e queixumes.
Por vezes vádio .

Um poeta analfabeto
Profeta das palavras oprimidas
Escudo de versos atrevidos.

O poeta não viaja
Não come e não dorme
O poeta é assim mesmo
Um malabarista das emoções.

Sonho ser Poeta
Penetrar a palavra e a rima ...
Misturar a saliva e o prazer,
de matar o tédio nos olhos
que me pertencem.


O poeta é assim mesmo
Uma chuva oblíqua
De origem tropical.
O poeta é um pôr-do-sol
no Quénia .

Não há mais nada
P'ra além da poesia
E se mais houvesse,
deixaria morrer de espanto
o sonho de ser Poeta...




Jean Herbert J&H

Friday, September 01, 2006

Já te tinha dito ...?












Deves-me os beijos que
as nossas bocas não morderam.

Deves-me os olhos que
por vezes cegam .

Deves-me o azul do mar
as pedras e as rochas.

Deves-me a mão que
procuro em vão.

Deves-me o cheiro
das ondulações dos teus cabelos.

Deves-me um pedido de desculpas
um abraço e mil sorrisos.

Deves-me um lugar à chuva
um doce luar de Agosto.

Deves-me todos os momentos que perco
quando te procuro nos meus sonhos...

...e eu devo-te a vida .

Jean Herbert J&H