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Thursday, June 29, 2006

Viajo em silêncio













Viajo em silêncio para uma outra
margem do rio;
Sento-me desolado e contemplo
o meu corpo à deriva, aprecio
o lento processo de decomposição.

Todos os espinhos que
me feriram e as setas que
me atingiram, desvanecem
na fronteira entre o nada e o mar

Minha alma apartou-se do
meu corpo, soltou-se das amarras
do passado.

Riem-se alguns tolos quando
num apíce o meu corpo
afunda sobre um pacato
rio.

Riem os demais, gracejos
e injúrias, falsos amigos, falsos
companheiros, falsos laços de sangue.

Minha alma de outro lado da margem
sente bem o peso no olhar que carrega,
sente o frio que o gelou em horas difíceis.
Sente o fogo ardente das palavras que o consumiram.

Ainda assim ela respira
respira porque sabe que o corpo se desgasta:
que a facilidade do embate do ódio é constante

Ainda assim a minha alma sorri
da malícia tola dos fracos
e cegos seres, que da outra margem
soltam palavras ao acaso.

Não adianta, não pensem, não ousem
tentar destruir o que a essência construio;
Desgastem o corpo, causem olheiras,
e um olhar mórbido, porque minha alma
será sempre a outra margem que nunca irão alcançar


... tolos.


Jean Herbert J&H

Saturday, June 24, 2006

Um Beija-flôr ensinou-me...



Bateu a porta e deixou-me
com a minha última recordação
seus cabelos soltos levaram um segredo.
Era o final de um inverno e o início
de uma estranha e trémula Primavera;
Em frente ao portão jaziam
as últimas folhas, marcas de um
inverno ainda meio presente.

Resolvi soltar-me dos lençois
que ainda me abraçavam
das rimas e dos versos;
dos constantes desencontros,
da vergonha de sorrir,
do cheiro da sua pele em mim.

Almejava um lugar no meio
da multidão que inundava
as ruas.
Levava um rosto de vergonha,
lavado por umas pecadoras
mãos, mãos finas e gentis;
Mãos que apertei sobre meu peito,
Mãos que me acenaram no adeus
Mãos que violentaram o bater da porta.

Segui a vontade
de encontrar brilho num
sorriso alheio;
Voei apressadamente para o exterior;
Se me assustei? Certamente ...
Mas de alma consolada dos tiros
perdidos de uma arma inocente,
que mata lentamente;

Vi nesta minha envolvência
entre o amargo e o doce, uma
associação heterogénea de dois seres vivos
Sustive a respiração por breves momentos.
Reconheci um beijo inocente, um amor puro e cristalino
um dá e nada pede, um pede e nada espera.

Eu que havia perdido um amor,
procurando-me constantemente
achei-me naquele gesto simples;
Naqueles plenos segundos, soube que
amar teria sido palavra inventada
para designar o mais belo gesto
entre a natureza e o Homem.

Amar é mais que perder
é muito mais que ganhar
Amar é a simbiose
entre os que vêem o que mais
ninguém vê.

Um Beija-Flôr ensinou-me
que amar é a capacidade
que o Homem tem de contemplar
a Natureza ...


Jean Herbert J&H

Friday, June 23, 2006

Presença

Corri para alcançar sobre uma
sombra projectada, o teu perfil;
Soltei a minha voz para que
num acto veloz levasse
as palavras, outrora prisioneiras em mim.
Vivi acordado dias sobre dias
para que a realidade não fosse mais um sonho vencido.













E quando te alcancei no teu retiro
dócil e frágil mulher;
Em outros braços repousavas os teus sonhos,
por entre os lábios sussurravas nossas palavras.
Senti a fragilidade do tempo, a minha voz havia te alcançado
porém tardei na minha presença.


Jean Herbert J&H

Sunday, June 18, 2006

Uma chama acesa...



"Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. (...) E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo. O de buscar no interior de si mesmo a resposta para encontrar a saída."

Mahatma Ghandi





Lentamente, muito lentamente meu corpo
se consome pelo atrito;
Cada movimento do puzzle que me compõe
dispara uma sinfonia dolorosa, como choram os
instrumentos que me compõe...

No bater de um pobre coração
sinto a batuta que conduz a minha vida.
Sinto ser o maestro dos meus passos;
O descompasso do meu passado.

Uma vírgula, várias reticências de omissão intencional
assim escrevo o meu diário. Não são linhas nem peças soltas
desenhadas por uma tinta qualquer.
São dois olhos... o meu simples diário, são dois brilhantes olhos.

Perdi a consciência que o futuro ainda não venci
que sorrisos ainda não ofereci, nem sonhos realizei...perdi.
Perdi o brilho que incendeia o meu olhar.Perdi tudo ou quase tudo
mas ainda assim sinto a chama acesa em mim. Não é teimosia,
é persistência em não a deixar morrer.


Jean Herbert J&H

Thursday, June 15, 2006

Leva-me a terra .














Convidei-te como quem ama a tua companhia
para seres por um dia, o dia dos meus dias .
Acendeu-se um brilho nos meus olhos
quando converteste em laços nossas mãos
e eu pude sentir o teu ânimo pulsando .

Sem receios fomos encosta acima
o céu era um manto que nos cobria
onde o aroma doce de uma flor
morria e renascia nos teus cabelos.

Varri a imensidão do horizonte com duas palavras
E tu sorriste como quem carrega a alegria
sincera de um amor nos lábios.

Devorei os morangos que brotavam do teu decote
e as cerejas maduras em teus olhos;
Absorvi uma delicada iguaria nos teus lábios
e pedi que vida fosse eterna nesse dia

Morro de uma lembrança triste e suave
se não sinto teus beijos em meu peito;
Morro num dia de abundante chuva amor
e a terra leva-me tal e qual leva o sol.

Jean Herbert J&H

Tuesday, June 13, 2006

Matemática do Amor

Um mais um e já eramos dois.
Dois amores, duas vidas, duas batalhas,
duas tréguas.
Um mais um e já eramos dois,
dois versos, duas chamas acesas,
duas paixões divididas.

Dois vezes dois e quatros olhos brilharam
traziam brilhos de quatro estrelas, quatro firmes braços,
quatro mãos gentis que se uniram, quatro letras se formaram Amor .

Dançamos ao longo da vida, somamos o nosso sentimento, multiplica-mos
os nossos gestos e nossos gemidos, nossos encontros .
Dois menos um, e nada ficou, nada sobejou nem mais a soma,
que nos acarinhou, não sei te dizer de outra forma a não ser
esta, que não vivo com o menos, se te afastas esqueço a matemática
meu peito não aceita... dois menos um .


Jean Herbert J&H

Saturday, June 10, 2006

Aqui te espero ...


Soube que eras tu mal o dia amanheceu
colorido e alegre sobre a brisa fresca do orvalho matinal.
Ninguém rouba as estrelas no teu olhar,
sabes bem que errando ambos aprendemos.
Na dor fomos alunos e na realidade ainda somos embora conscientes,
ainda amamos as mesmas mãos.
Nunca duvidei dos nossos beijos, das nossas palavras
e até dos nossos gritos, nunca me ausentei de ti.
Tão longe que não sentisse o veludo dos teus cabelos
na minha face, tão perto que o bater do meu peito
sucumbisse nas horas que te vejo.
Deixa amor, que este amor viva ao sabor do vento
deixa que ele navegue sem a bússola que o oriente
Aqui te espero, aqui esperamos ... lança a âncora
O meu peito é o nosso porto seguro.
Aqui te espero, aqui esperamos !

Jean Herbert J&H


Monday, June 05, 2006

Glaciar


Um glaciar se formou no meu interior
Gelo sobre gelo, o aroma do frio.

Uma metáfora de esquecimento
Surgiu pela calada do amanhecer

Uma almofada confidente acaricia a minha face
E a nota musical se desprende dos meus olhos.

Não acredito nesta manhã que acordei
Pensei dormir eternamente e esquecer que sou parte do Mundo.

Não acredito que a noite por mim passou
Que as horas avançam a galope... Não acredito.

É dia, sinto a luz que invade meu quarto
Quanto tempo mais terei que o sentir?

Aniquila-me que o bater do meu coração
Sejam compassos desritimados.

Ao longe uma sombra desenhada por um tímido sol
Não esconde o trajecto penoso de uma orfã.

Perto, bem perto de mim
Um relógio desata a cantar a sua rotinada melodia.

E um Homem com a motivação nas mãos acorda
Cerra os dentes de uma raiva não contida, de um gemido prisioneiro.

Faz-se à longa estrada que lhe percorre o corpo, no amor perdeu o amor
Na vida a própria vida, na manhã a noite, no peito perdeu o mundo.

Quer ser solitário, na solidão que procura.
Um desgovernado desregrado.

Quer acreditar no que dizem os mais belos livros, o amor versado.
Por entre o vento que beija a areia de um deserto, este Homem está magoado.


Jean Herbert J&H

Saturday, June 03, 2006

Infelicidade


Sinto-o a correr nas minhas veias
Doloroso veneno que me absorve
Metade de uma noite absorta e pálida
Atravessa meu corpo vociferando

Dois olhos apagaram as chamas do crepúsculo
na minha boca um árido deserto
Um doce e amargo querer
Badalaram entre as palavras
Que foram caíndo na alma.

Fiz em duas gotas de orvalho
Um pedaço de um falso poema;
E o que tenho para dar
Não é um cofre aberto.

Não venci as espigas
Que tem a cor do trigo maduro;
A verdade procura-me sedenta
E o que me encontra são novas mentiras
Um fogo que arde lento pela manhã.

Doses exasperadas de um mal menor
Ofuscam a ébria luz cinzenta;
Sobre um pequeno vale de ilusões
Desce uma mistura de água e sede.

Salvam-se por entre flores agrestes
Chorosos sentimentos;
Um cantar longínquo anuncia velhas mágoas
Um vazio que não está presente nem ausente.

Um pertinente recordar
Afastou a realidade nua e crua;
No reverso de um simples anel a noite falou
E um núncio de felicidade ficou esquecido no papel.

Jean Herbert J&H

Thursday, June 01, 2006

Morri amando



Amor, tuas linhas sinuosas
descrevem trajectos mil quando,
teus pés cravam na areia
doces sentimentos.

Morri antes de nascer
sobre um roseiral ferido,
e tu amor levaste-me ao céu
sobre teu peito de chama única.

Um dúbio pronúnciar de duas palavras
soltaram tremidos gestos
dois no olhar e um nos lábios,
morrendo de seguida na voracidade do tempo.

Entreguei meu cálice a um anjo desconhecido;
A ferida dilacerada não cicatriza
sobre um pensamento constante
de um gesto não consumado.

Ja é madrugada cinzenta sobre o luar,
é chegada a hora de pousar a caneta sobre o papel
deixar que a poesia sonhe sobre as horas,
saborear o silêncio que me trespassa.

Amor saberás que te escrevi pela madrugada
quando o Outono nascer sobre um Verão,
E o fogo consumir o transparente da àgua, aí
saberás que te amo!... Morrendo sobre a noite .
Jean Herbert J&H