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Tuesday, May 30, 2006

Que Deus me ajude ...

Estou em queda livre
quanto mais caio, mais distante se torna o abismo;
Apenas a vontade de viver fala mais alto
quando os meus sonhos abandonam as minhas noites.

Ajuda-me a caír
Eu que tantas vezes te esqueci
Eu que tantas vezes me esqueci a mim mesmo
Julgando que a vida é madrasta.

Acode-me eu que lavo o meu rosto
Com o sal das minhas lágrimas;
TU que choras comigo em silêncio;
Oferece-me o conforto das tuas mãos.

Que Deus me ajude a viver este calvário
Ele que me escute quando os Homens não o fazem;
Que me ame, com o amor que não tenho
Que Deus me ajude a viver o amanhã

Esse amanhã que tanto temo
Não porque o medo me vença
Apenas porque perdi na vida a minha crença;
Falto-me a mim mesmo, faltas-me Tu e a Tua presença.

E ao caír num vazio abismal
Ajuda-me a erguer, embora ferido em meus espinhos
Solta-me das amarras do desespero dessa morte lenta
Que Deus me ajude a viver, só assim meu coração aguenta .

Jean Herbert J&H

Monday, May 29, 2006

Deixa que te ame



Deixa-me por momentos que abraçe
A paz que sinto em teu redor;
Deixa na inocência que os meus lábios
Procurem os teus, numa sede infinita.

O que desejo em minha vida
São teus olhos a florir no jardim que és;
Florindo lentamente, para que possa contemplar
Cada brilho de uma estrela que por ela passa

Da-me a tua mão e um sorriso
Eu te darei minhas mãos e mil sorrisos
O que tens em teu peito são acordes
De um solitário violão.

E procuro nestes versos só nossos
Soltar os medos de uma melodia por acontecer
Versar-te sobre o mundo que escuta
A melodia de um amor que irá vencer

Deixa que te ame ...


Jean Herbert J&H

Tuesday, May 23, 2006

Amo-as



Amo-as, só elas sabem o quanto as amo
Amo-as sem recusas, sem medos e desassosegos
Apenas as amo. Tanto que as amo que me perdi de amores
Elas habitam em mim, nos meus lábios, nos meus dedos e num simples olhar

Sinto que esse amor é repartido
ao chorar a dor e o meu pranto
ao sorrir enamorado
ao pronúncia-las, saberei que sou amado.

Amo-as, sejam soltas, perdidas
versos ao além, trovas de despedida
Amo a sua magia, o veludo do seu toque na minha boca
Amo-as em cada momento

Só eu sei o quanto as amo
Se o que me rodeia se tornar num vazio
poderei em meu peito ter certezas
que as amo, nada mais que isso, apenas as amo.

Neste amor, nesta paixão
Alguém já se feriu
feri eu a sua vontade em gritos
feriram-me elas com a sua espada de ódio.

Nesta dança de amores, um cúpido se apaixonou
ele que semeava amores entre frases soltas
fez-se mendigo e poeta e desde então
escreve o amor que nutre pelas Palavras

Ah...!Como eu as Amo...

Jean Herbert J&H

Lento entardecer ...

O ceú tardava a escurecer
O sol teimava em surgir por entre as nuvens soltas
e o crepúsculo aproximava-se com o voar de uma gaivota

Tudo era calmo e ao mesmo tempo agitado
pairavam aromas de uma alegre e triste Primavera
e o ceú se rendia à lenta escuridão

O sossego por entre o cansaço
de um corpo desgastado e frágil
e um luar que partia em horas incertas

Então;
Fingi ser mudo por momentos, recusando o desabafo
Ensurdeci, para que a estrela me procurasse
E ceguei ao saber que ainda era dia...

Agora que a noite abraçou a minha alma.

Jean Herbert J&H

Friday, May 19, 2006

Meu coração está de luto


Meu coração está de luto
moveu-se entre o escuro e a penumbra
fez silênciar os sinos numa pequena enseada
e duas estrelas atravessaram a madrugada.

Meu coração abandonou o sorriso
deixou feridas por cicatrizar
aplacou as mágoas de um olhar
a lágrima em sua face se desfez no luar

Meu coração está de luto
perdeu a comodidade em peitos alheios;
peitos esses que a mentira abarca;
peitos esses em que o amor não deixa marca.

Meu coração está de partida
e o mar o acompanha a um lugar distante;
distante dos fracos, próximo dos bravos
meu coração são dois cravos

Dois cravos e uma revolução
duas estrelas e uma madrugada
uma folha lisa e um poema enxuto
um poeta e um coração de luto

Jean Herbert J&H

Wednesday, May 17, 2006

Dois gritos calados

É uma dor desesperada
são dois gritos calados
é um silêncio perdido
é uma noite que acorda a chorar

Este meu amar não se reparte
não procura uma saída
vive de vidas desencontradas
de um doce e amargo amor

Meu amor deixa o sentimento calar-se
escuta somente a tua razão
não há nada que não faça
nada que eu mais almeje, a não ser esse perdão

Se puderes escuta, se escutares vive
se ousares sonha, se sonhares adormece;

Que a vida a cada minuto é uma volta sem regresso;
que o nosso amor a cada segundo,
a cada instante de um eterno momento
se faz melodia por entre o silêncio de um sentimento.

Jean Herbert J&H

Sunday, May 14, 2006

Cinzento de uma tela ...



Disseram-me que o caminho a seguir
ficara ancorado num porto seguro ;
Que haveria de cruzar os ceús
onde a tua sombra se esquecera de ti

A tua presença fechou portas
e escondeu janelas dispersas
por entre a casa onde habita
o cinzento de uma tela

Construí sonhos desfeitos
e destruí as barreiras do medo.

Disseram-me que teria que o seguir
e assim o fiz, segui-o sem medo
abri as portas que havias fechado,
colori a tela e habitei a tua presença .

Jean Herbert J&H

Saturday, May 13, 2006

Malograda escrita...


Queria apenas o ontem
um dia daqueles dias
que o ontem levou consigo
alegres dias que tanto procuro em vão...

Se me ponho a recordar
invade-me a tristeza no meio de uma
ténue esperança de um dia lá voltar

Que seja esse o meu último desejo
a minha última vontade;
Que seja o renascer de dois sentimentos
que a vida feriu, tardando a cicatrizar.

Silêncio !
Deixem cair as palavras
em meu poço de saudade;
Deixem-nas cair.

Necessito delas ...!

Jean Herbert J&H

Tuesday, May 09, 2006

A força de um amor

E se me vierem buscar?
E se te vierem buscar?
Que diremos nós Amor, que diremos nós ?

O amanhã é taciturno, não espera e desespera
Virá por certo, como uma serenata solitária
Roubar o ouro em nosso peito

E se me vierem buscar?
E se te vierem buscar?
Que choramos nós Amor, que choramos nós ?

Sinto o frio que o acompanha
e a sua escuridão, a mais densa escuridão
e um grito nosso abre a porta da recusa.

E se me vierem buscar?
E se te vierem buscar?
Que sofreremos nós amor , que sofreremos nós ?

Avança sem receios e medos
procura exacerbadamente dois amores
fustiga a noite, e trás o vento do além como sua companheira

Já me vieram buscar !
Já te vieram buscar !
Que faremos nós amor, que faremos nós ?

Diremos que permaneceremos intactos;
Choraremos o rio cristalino que somos;
Sofreremos a desordem da sua chegada;

Mas Amor ...
E que faremos nós amor, Que faremos nós ?

Amar-nos-emos apenas.


Jean Herbert J&H

Saturday, May 06, 2006

Mundo Ingrato



Diz-me a razão de ser desta tua ganância Homem
Em que ventos e marés se esconde a tua consciência ?
Porquê vives enclausurado nesse mundo cruel;
onde o poder e a luxúria, é a fome de uma criança ?

Cansei-me de chorar vendo ocaso dos dias,
na minha mão acende um brilho efémero do que não
conheço, e saio a procurar a razão em teu peito Homem
e o que vejo contrista a minha alma, tu não tens compaixão !

Que guerras te darão alegrias e sonhos?
Que batalhas são essas que ceifam sorrisos inocentes?
E a vitória ? Que te dará ela Homem? Que razão, meu Deus que razão ?
Deste sofrimento atroz, no suspiro de uma criança que desfalece

Oiço o silêncio das minhas palavras
o eco do meu silêncio, ninguêm vê ao seu redor
e a vida cala e consente
que o Homem mate, a criança inocente

É este o mundo do Poder e da Vaidade
em que se exibem fortunas materiais
e se escondem as misérias
por entre os Homens

O medo que me assombra, é "o até quando"o "até onde",
a criança irá pagar o preço
ingrato de ter nascido, de ter que chorar,
quando é do seu sorriso que o Homem precisa, pra aprender a Amar.


Jean Herbert J&H

Friday, May 05, 2006

A merecida Homenagem


Hoje irei enriquecer o meu Blog de uma forma muito simples. Homenageando o Poeta que mais me marcou e inspirou a querer escrever poesia, embora eu não passe de uma tentativa, perto do que é a realidade dos seus poemas.

Sou uma pequena gota, no imenso Oceano que é este mágico, este gênio, que brinca com as palavras, que um dia escreveu " ... Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... Amo tanto as palavras ... As inesperadas ...".

O sentido da poesia é esse mesmo, amar as palavras, dançar com elas, suster a respiração e saborear cada minuto em que a palavra dança nas nossas mentes. Poderei atrever-me a dizer que o Poeta morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, mas será apenas um atrevimento, pois o Poeta é eterno assim como a Poesia, e Neftalí Ricardo Reyes Basoalto será a eternidade, dentro dos mais eternos momentos em que se insere a poesia. Porque amo a Poesia e porque a Poesia te amou imenso ...

A merecida Homenagem

Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Prêmio Nobel de Literatura em 1971, sua poesia transpira em sua primeira fase o romantismo extremo de Walt Whitman. Depois vieram a experiência surrealista, influência de André Breton, e uma fase curta bastante hermética. Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários. Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México. Desenvolveu intensa vida pública entre 1921 e 1940, tendo escrito entre outras as seguintes obras: "La canción de la fiesta", "Crepusculario", "Veinte poemas de amor y una canción desesperada", "Tentativa del hombre infinito", "Residencia en la tierra" e "Oda a Stalingrado". Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende. Participa da campanha e, eleito Allende, é nomeado embaixador do Chile na França. Outras obras do autor: "Canto General", "Odas elementales", "La uvas y el viento", "Nuevas odas elementales", "Libro tercero de las odas", "Geografía Infructuosa" e "Memorias (Confieso que he vivido — Memorias)". Morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende.

( Foi um mágico sem dúvida, e para o comprovar deixo duas pérolas da sua escrita que criam um redemoinho de sentimentos no meu ser, sempre que as leio )

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Quem morre?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca

Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

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Posso escrever os versos mais tristes esta noite

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Em noites como esta tive-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.

E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo.

Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.

É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços, a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo

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Do eterno Pablo Neruda