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Friday, December 22, 2006


















A tua boca mata-me a sede
De morder os gomos da tua pele
Saciar-me do mel
Dos teus aveludados seios.

Em cada toque
Arrepia-te a alma
E levas nos teus gemidos
Um voraz jogo de sentidos.

Quando cruzamos este olhar
Nasce uma vida em nós;
Mesmo sabendo que não há eternidade
Lutamos com a mesma tenacidade.

E quando te sinto anelante
Deixo-me repousar em teus braços;
Em ti ganho vida
E por nós deixo acesa uma saída

A que nos leve de amor em amor
Até à uma última porta;
O renascer de uma nova vida.


Poeta de Rua J&H


Nota do autor: Hoje em dia não acreditamos no eterno, e na primeira adversidade, a solução é pôr fim ao que existe. Facilmente se esquecem os bons momentos, mesmo não sendo eterna a vida, há sempre uma saída possível para qualquer problema, quando o amor está prestes a morrer em vós, saibam procurar a tal saída, que faça renascer novamente o vosso amor. Sejam felizes :)

Wednesday, December 20, 2006
















Diz-me que amanhã
Ainda te verei.
Está tanto frio lá fora
Que ameaça gelar o sangue
Que te corre nas veias.

Só te queria por perto;
Porque se escreves o adeus
Nas tuas mãos
Escreves em mim um futuro
Ainda mais incerto.

Mente que ainda me amas
Prefiro a doce mentira
Do que a amarga
Verdade que de mim te tira.

Diz-me onde te encontro
Se nem o mapa do teu corpo
Eu tenho;
Nem a bússola que me guie
Rumo à tua voz.

Está tanto frio
Quero abrir os olhos e ver-te
Sorrir e abraçar-te
Promete-me que serás forte
Está tanto frio amor
Acho que é a morte.


Poeta de Rua J&H

Tuesday, December 19, 2006






Novos momentos

Todos ilusórios;

Uma agressiva sonata

Onde a saudade mata.

No rosto o vento ensina




Que a hora mais lúgubre

Ainda não nasceu;

Tenhamos esperança

Abjuremos esse tal medo;

Deixemos esse nó que não ata

Onde a saudade mata .



Poeta de Rua J&H

Saturday, December 16, 2006


















Sou louco por acreditar
Que te respiro
E pouco a pouco
Te alcanço
Louco.

Vivo do lado oposto
Da sanidade
Numa casa vulgar
Há tantas na cidade.

Um Homem muito doente
Disse no adeus
Que a mentira em que viveu
O mundo não o saberia entender
Se nem ele próprio aceita que
Há muito já morreu.

Ninguém me entende
Que loucura mais irascível
Mas por te querer é pouco
O que respiro
Prefiro ser louco
Louco...


Poeta de Rua J&H

Thursday, December 14, 2006
















Somos apócrifos
Vendedores de sonhos
Castrados na fé de sermos
Parte ou todo
Do nada.

Deixemos a plebe
Criar a sua própria revolta
Que um dia lançaremos
Das nossas bocas
O sangue amargo que bebemos.

Somos apócrifos
Vendedores de promessas
Que em cada braço há de surgir
A fome escondida.


Tenhamos paciência
Que na hora certa
Não haverá certezas
Da nossa consciência.


Poeta de Rua J&H

Sunday, December 10, 2006

















Acenderam-se as luzes
Iluminaram-se as ruas de mil cores
As pessoas se apressam entre a multidão
Todos se misturam ninguém se conhece

O destino que os une é o mesmo
Apesar do frio cortante
É necessário a pressa, a correria
Há prendas que não podem aguardar outro dia.

Afinal é Natal
Que importa que nas ruas iluminadas
Sucumbam Homens, Mulheres e Crianças
Se as nossas alegrias são as poupanças do ano
Embora o orfão chore de fome ao colo do seu mano

É natal
Todos se alegram e cantam as mais lindas melodias
Um Homem de seu nome Dércio
Pede esmola para a fome dos seus dias
Ninguém se importa há festa e luzes na Praça do Comércio.

A familia unida atravessa o País
De norte a sul há encontros almejados.
Mas que dizer ao povo iraquiano
Quando são bombardeados?

Por todo o país
Se aprecia as mais lindas montras;
E passando pela rua Augusta até se ouve a Amália;
Mas e o natal de milhões de crianças
Na Somália ?

Ainda que eu perca todo o encanto
De não sentir do mesmo modo
Ainda que me abraçe a mim mesmo
E não seja compreendido

Ainda assim acredito na Humanidade
Ainda assim acredito que um dia
Em cada um de nós aconteça o verdeiro natal
Aquele em que se dispa de tudo que é material.

Feliz Natal.

Poeta de Rua J&H





Saturday, December 09, 2006















Tenho medo que o nosso amor
Fuja nas tuas mãos como a areia fina
Se esconda em ti como o vento atrás das dunas

Tenho medo
Que percamos o trilho do regresso
E fiquemos à deriva procurando nos encontrar

Tenho medo que o nosso sorriso
Se esqueça de acontecer
Como sol por detrás do céu que ameaça chover

Tenho medo que não beijemos mais
Que os Deuses nos roguem uma praga
Em que as nossas duas bocas não sejam uma jamais

Tenho medo que tu não me saibas chamar
Que apagues o meu nome em ti
Como as flores que desabrocham em silêncio

Tenho medo de morrer
Porque não serei eu na hora triste
Que te irá limpar a face

Tenho medo de ti amor
Tenho medo do que escreves sobre o amanhã
Nesse diário secreto da tua imaginação

Tenho tanto medo
Quando te vejo sentada no teu recanto
Longínqua deste mundo

Sabes bem que tenho medos
O que tu por certo não sabes
É que desses medos faço palavras

E dessas palavras a certeza
Da certeza a conquista
Da conquista o escudo para que o nosso amor resista.


Poeta de Rua J&H

Monday, December 04, 2006















Segue-me pelos meus lassos braços

Até onde te peço que me renasças

Com o teu ávido palpitar

Creio-te como as mãos

Que premem a ferida de uma criança

Desfolho-te como se augurasse conhecer-te

Página por página capítulo por capítulo

Segue-me insegura mas crente em nós

Que estarei esperando longe da ilusão

O soluçar das tuas palavras

Na hora que me incendiares o coração.


Poeta de Rua J&H

Thursday, November 30, 2006





















Prefiro que me digas
Que já não me queres
Ao invés de sentir tuas lágrimas
Em meu peito.

Os malmequeres que te dei
Perderam-se ao longo dos dias
Nas tuas mãos
Vitimas do teu íntimo.

Peço-te que me digas
De voz clara e fria
Se o que nós somos
Tornou-se uma ausente melodia.

Que caminhos são estes
Que percorremos sinuosamente?

Talvez seja minha a culpa
Desta mortificação que se aproxima.

Peço-te que me digas
O que negas aos meus olhos
Prefiro que me leves à sepultura
Onde jaz o nosso amor
Porque sem nós
Esta noite se tornou muito escura.


Poeta de Rua J&H

Tuesday, November 28, 2006


















O que eu quero mesmo
É ser poeta
Saltitar de poesia em poesia
Como se lume houvesse nelas.

Não quero estudar leis
Sejam elas quais forem
Nem decorar fórmulas exactas
Projectos, ser Doutor, Engenheiro.

Não, não, nada disso eu quero
O que me devolve o sorriso no rosto
É ser poeta e o que eu quero mesmo
É ser poeta.

Prefiro não ter casa certa
Debulhar a terra para comer
Nem roupas eu quero, vejam bem
Só quero a poesia, e o alimento que ela contém.

E se duvidarem do que eu digo
Tirem-me a música, a televisão
Façam-me sentir mendigo.

Tirem-me as vitórias que alcancei
O carinho dos demais.
Só não me tirem o papel e a caneta
Que o meu sonho é ser poeta.



Poeta de Rua J&H

















Um Homem de coragem
É aquele que cerra os dentes
De uma raiva não contida
E chora o seu semelhante em silêncio.

O que procura no seu mundo
A alegria de uma razão lógica
E se espanta ferido em si
Ao saber que é fonética.

Aquele que usa as palavras
Mais duras e as transforma
Como o lego nas mãos de uma criança
Fazendo da mágoa a esperança.

O que sabe perdoar os gestos mais ferozes
Os gritos de várias vozes
As mãos que ferem sem piedade
A dignidade que lhe pertence.

O que respeita a sua alma gêmea
E não usa do punho
Para haver macho ou fêmea.

Um Homem de coragem
É o que tem medo
Não da morte nem da dilacerante dor
É o que tem medo de esquecer por um dia
De sentir a beijar a sua boca

A palavra amor ...



Poeta de Rua J&H

Saturday, November 25, 2006






















Gosto quando me olhas
É como se duas chamas
Brotassem dos teus olhos
E me fizessem sentir criança.

Então brinco e esqueço
Que a vida é curta
E nós seremos marcas
E cinzas, talvez amanhã.

Gosto quando te despes
Dos medos e angústias
E danças de alma desnuda
Nos dias em que a lua te faz nascer.

E se fores tu quem eu procuro
Farei crescer no papel
O trilho azul da tinta
Que da noite faz dia .

Gosto quando me chamas
E me das a conhecer a tua voz
Calma e taciturna.

Gosto quando te amo
Porque é tão longo o dia
Tão dolorosa a monotonia
Que permaneço inerte.

Querendo saber
Se és quem procuro.


Poeta De Rua J&H

Thursday, November 23, 2006
















Já dissemos adeus
Não foi a primeira vez
Doeu-me no primeiro
Matou-me no segundo .

A culpa reparto eu
Entre o esquecimento consumado
E um coração bandido.

Tu viste-me ao acaso
Terias fechado os olhos
Mordido os lábios de ódio

Mas não o fizeste
Seguraste o meu braço
E ofereceste-me o sorriso
Que sempre foi meu.

Mal sabias que nesse instante
Começei a morrer
Sabendo que no adeus seguinte
Conseguiste-me esquecer.

Mataste-me no segundo ...


Poeta de Rua J&H

Wednesday, November 22, 2006















Dei-te um pouco de terra molhada
Que a chuva havia beijado

Outras riquezas não tenho
Que a terra é sempre terra

Dei-te um pouco de terra
Sem espadas nem setas de sonhos

Dei-te um pouco dos meus versos
Não os li, lê-os tu

Dei-te o que não é meu
O que não tem dono nem gente

Dei-te o sangue dos heróis
O branco dos lençois

Dei-te terra molhada
Mais nada tenho

E fi-lo pela madrugada
Quando os anjos poisaram

As asas em ti minha amada .

Poeta de Rua J&H












Amemo-nos devagar
Que em outras vidas
Não nos amamos
Morremos da sede que consentimos.

Amemo-nos ao cair do crepúsculo
Lá onde a imaginação não alcança
E os pés calejados não afrontam
Nem os deuses te prometem o altar esponsalício.

Amemo-nos de mansinho
Que de outro modo
Perco na boca a lucidez
E nos lábios a promessa do ósculo.

Amemo-nos p'ra lá do tempo
Onde as nossas reticências são vírgulas
Onde as interrogações são afirmações
Amemo-nos com as incertezas em nossos corações.

Poeta de Rua J&H
















Tenho pena de mim
E não me condenem por isso
Na veia é sangue e suor
No rosto um espelho de dor.

Tenho pena de mim
Assim que sinto o frio
Caio no verso
Como na alma o desejo.

Ensaio uma peça teatral
Mas nao sei a vestir
Dispo quando me deixam
A capa que me encobre a vontade.

Não rufam os tambores
Falam-se, mas não os vejo
Tenho pena de mim
Ah ! Se tenho ...


Poeta de Rua J&H

Thursday, November 16, 2006











Andaram amarrados
Pelas ruas abertas
Beijaram-se em doses
Seus corpos suados.

E quando perceberam
Que o amanhã era hoje
Morderam-se de beijos
Pelas ruas da mãe Lisboa

Morderam-se de desejos ...

Foi então que perceberam
Que devagar se amaram
E só hoje fizeram
O que a noite faz com as estrelas .
Poeta de Rua J&H

Monday, November 13, 2006

















Da boca ninguém fala
Terá ela os segredos
Que ninguém quer ouvir
Não sei ...

Amanhã é dia fresco
Todos o procuram em jejum
Da boca ninguém fala
Não há sossego nenhum.

Não tive Mãe nem testemunhas
Do nascimento de alguém
Nem mãos que me bateram


Terei na eu na boca o veneno nascituro
De mim ninguém fala
No ventre onde me sinto uro.

Poeta de Rua J&H













Ando pelas ruas
E vejo o verde das estátuas
Falo comigo mesmo
Como se de loucura se tratasse.

Mas não sei ser louco;
Ser louco é uma arte
Que parte e reparte
Talvez Marte.

Ando cansado
Quero fazer-me em ti
Doer-me na tua ferida

Ser espada de cetim
Aroma de alecrim
Estrada sem fim.

Poeta de Rua J&H

Saturday, November 04, 2006

Quis eu amá-la
Como a mulher
De esperanças
Ama o filho.

Quis eu em meus braços
Sentir o pulsar
Em seu peito


Quis ela tocar-me
Por inteiro
Saber se a minha pele
é um aveludado pêssego.

Quis ela procurar
As respostas
Que não existiam
Os tratados de juras e beijos.

Os medos que
Eram fantasmas
As horas que se despiam.

Quisemos nós
Conhecer o perigo que
Somos.
O risco que corremos
Quando de amor
Falamos.

Poeta de Rua J&H
Chama-me pelo
Nome que te
Arrepia e conduz
Ao êxtase.

Desenha a minha
Boca.
Ébria de terebintina,

Talvez tenhas
Razão.
Ao me veres indiferente
No teu jogo.

Fui eu que deixei
A rosa secar.

Fui eu que namorei
A lua de todas as noites.

Que rasguei
O que trocamos de palavras.

Chama-me na voz
Que me segura a mão
Que o amanhã é morte.

Poeta de Rua J&H
Não te posso poetizar
Tu és a poesia
Amante do crepúsculo
Senhora das vozes
Em que me oiço.

Tu és poesia
Não tens dono
Não me pertences
És de nenhures.

Surges da mais
Pura nascente e procuras
O mar com a boca que
Me negas.

Não te posso querer
Como quero a flôr
Ou a tua voz que me cicia.

Não te posso acompanhar
Por entre as dunas
Nesses lábios de pecado.

Mas posso querer-te
Procurar-te
E almejar-te
Não sendo ninguém
Sou parte de ti ...


Poeta de Rua J&H

Sunday, October 29, 2006

Portugal de Poetas




















Conquistamos um País
De habitantes
Incertos,
De credos e descrenças.

De valentes
E destemidos guerreiros,
Que na hora incerta
Desvirginaram mares.

Fomos amados,
Por um País
Que incendiou-nos
Esta paixão de poesias de
Boca em boca, de amizades e
Amores cantados.

Sim! Fomos amados.
E mesmo que,
Gerações futuras nos,
Esqueçam em recônditos
De um futuro ausente de Poetas;

Este País terá na terra
O aroma doce, dos que morrendo
De ternura,
Fizeram Portugal,
A poesia das suas vidas !


Poeta de Rua J&H

Saturday, October 28, 2006

Mistifório





















Cravos que roubei à terra e
Sepultados nós estamos,
Perante a rotina
que nos deixou viver
do pasmo.

Gerámos uma
Semente orfã da terra
De sede e àgua.
E no lodo vivemos
De ébrios pensamentos.

Quisemos mandar em
nossas bocas,
Cuspir o sangue de sonho,
Das batalhas que vencemos.

Cansados pousamos,
As armas que não existiram.
Presos por cordas nascemos,
Recusando a morte consentida.

Dos sinos que entoam
Ferimos de espanto,
As asas que não viram,
Quem nos feriu a vida.





Poeta de Rua J&H

Friday, October 27, 2006

Porque é tão dificil
Viver do nada que temos,
Das horas que passam,
E morrem na memória.

E no final
Não é nossa, a vitória.
Nem a glória vã.
Seremos cataclismos,
De uma fábula qualquer.

Porque é tão
Dificil acreditar no amanhã,
No monstro que não existe.
E sermos nós ...



Poeta de Rua J&H

Wednesday, October 25, 2006
















Que seja intenso
Enquanto dure
E se não for intenso
Que seja verdadeiro
E se não for verdadeiro
Que seja mágico
Um lindo arco-íris
De sentimentos
Se não for mágico
Que aprendam a chorar
Se não for doce como o mel
Que seja amargo como o café
E se não puderem ver
Que aprendam a sentir
Se não conseguirem sentir
Curem a vossa cegueira
Porque cegos são aqueles que
Perderam a noção da sua própria
Cegueira interior.
Se no final a primavera não florir
Aguardem o pôr-do-sol do verão
Se mesmo assim não vos bastar
Colham as folhas secas do Outono
E escrevam sobre frio do inverno
Sejam cúmplices as vossas mãos
E se não forem
Adoeçam de uma cura indesejável
Sejam rebeldes
E se não forem
Sejam crianças
E no final se souberem recordar
Saberão que valeu a pena amar.



*Aos que se amam e pelo amor querem sempre mais, aos que procuram e pelo amor encontram sempre mais, que no final valha sempre a pena.


Poeta de Rua J&H

Sunday, October 22, 2006
















Se te amar
Saberás quando no anoitecer
A lua invadir o teu quarto
Beijando os teus pés

Se te procurar
Ouvirás um longinquo cantar
Vindo do horizonte
Trazido pelo vento agreste

E nem por um segundo
Irás querer me conhecer
Talvez por medo do desconhecido
Medo de querer e já ter perdido

Se te esquecer
As estrelas tambem
Te esquecerão
E tu conhecerás o adeus

Se chorar amor
Não será pelo querer-te
Amar-te ou versar-te

Se me vires
Num acaso qualquer
Pergunta-me amor porque existo
Que te direi num momento

Que é por este sentimento ...

Poeta de Rua J&H

Friday, October 20, 2006

Per voi
















Per voi faccio la luna baciare il sole
Il vento baciare il mare
E la notte fa la vostra faccia

Per voi compro l'oceano
Nei timori del mio cuore

Per voi dò la mia anima
Per vederli appena

Sono il vostro schiavo
lasciare il sogno nel vostro cuore.


Poeta de Rua J&H
Tentei escrever algo em Italiano, com ajuda de algumas ferramentas, saiu isto :)

Thursday, October 19, 2006

Luas



Ando num rodopio constante
Sobre um sentimento paradoxal
Que entristece todas as madrugadas
Quando as insónias invadem o meu quarto

Sou a imagem de um grave delito
E antes de cumprir a minha pena
Infligi aos meus olhos
O segredo desta minha mortificação efémera

Tudo por culpa minha e tua
Por nossa permanente culpa
Ausente de mágoas e razões
Despida de ódios e desamores

E trazendo à memória
Fragrâncias de um Outono
Que chegou a percorrer a minha boca
Obrigando-me a queimar os meus lábios
Com o teu nome

Tu viste-me partir de mim mesmo;
Agora que conheces as ruas que habito
As luas que me seguem
As sombras que me perseguem

Irás profanar todos os meus segredos
Todas as minhas confissões
Tentando saber se existes
Entre todas as minhas paixões .

Poeta de Rua J&H

Wednesday, October 18, 2006

Não me ensinaram a perder

Não me ensinaram a perder.
Sei por certo que é chuva
O que bate na vidraça
Dando-me esta melancolia inquietante;

Aceito-te, sei que não és tu
Não irei achar-te, bem sei.
Se alguém me tivesse ensinado
Poderia eu beijar o solo sem medo.

É engraçado que ainda beba
Este vinho e curiosamente
Neste cálice de amargura
E lá fora mecanicamente tudo aconteça.

Talvez sou parte
Que o mundo rejeitou
O anel dos amantes sequiosos.

Talvez seja eu que bebendo
Deste vinho e escutando aquela melodia
Me sinta inutil e sofredor.
Não me ensinaram a perder...


Poeta de Rua J&H

Tuesday, October 17, 2006

Naturalmente














Se me pedires que te faça
Um verso ou uma rima
Ou até mesmo um poema
Juro que não o farei.

Juro que irás verter o ódio
Sobre mim e até pragas
Me irás rogar;
Mas não o farei.

Não me recordo do que escrevo
Se tem versos ou rimas
Duas almas ou uma solidão
Um medo e uma paixão.

Não me perguntes o significado
Das palavras ou até mesmo
Em que dicionário as encontras
Juro-te que não sei...

Se construo palavras sobre palavras
Como um lego da imaginação
Se ostento a vaidade na poesia
Trazendo recortes artificiais

Se assim for deixarei de escrever
E nem tu saberás onde me achar;
Estarei no vôo livre de um passarinho
Na inocência de uma criança.

Porque a poesia não deve ser artifical.
Pois o amor não é artificial
Nem a amizade
Nem o carinho.

A poesia tem que ser a boca
Dos que estão amordaçados
Deve ser os olhos de quem está vendado
As maõs de quem está aprisionado.

Por isso não te escrevo o que me pedes
Nem rimas, nem versos.
Nem a poesia te dedico

Porque no dia que me recordar
Do que escrevo e das palavras que
Transformo em gotas de orvalho
Juro-te que nesse mesmo dia

...Estarei morrendo na poesia.


Poeta de Rua J&H
Porque me senti doente e com fome, resolvi me curar saciando-me novamente das palavras.

Wednesday, September 27, 2006



Doi-me pensar que ficam
Palavras atravessadas na minha boca;
Presas ao silêncio do meu corpo
E à cor escura dos meus olhos.

Escondem-se sons
Entre a minha alma e o meu corpo;
Unem-se mãos cinzeladas
Mordem-se lábios de secretismo.

Na verdade nunca fui
Mais além do que um sonho;
Nem voei entre ideias dispersas
Para me sentir assim, inócuo .

Doi-me pensar que ficam
Palavras por recriar, eternas memórias.
E uma melancolia na hora
Do adeus leal mas incerto.

É chegada a hora de fechar o livro do pensamento;
E deixar que a poesia ganhe novamente asas
E voe até junto dos vossos corações...

Jean Herbert J&H
"É chegada a hora de fechar o livro do pensamento; " Na verdade o que se irá fechar serão as palavras neste meu e vosso espaço.
Assim encerro um capítulo da minha história com as palavras, da minha cúmplicidade com o papel, do meu romance com os que por aqui passam.
Foi um ano e cinco meses de muita alegria e alguma tristeza, de amor e ódio, de paixão e solidão. O meu primeiro livro está completo e assim me despeço de todos vós que partilharam cada palavra, cada sentimento, com a humildade que é comum na poesia.
É um até já ou um adeus, ficará a incerteza, pois no poeta manda a poesia e na poesia mandam as palavras.
Do vosso amigo;
Jean Herbert 04/2005 - 09/2006

Monday, September 18, 2006

Quando morrer a minha originalidade em penetrar cada palavra e lá deixar o sémen da Poesia, deixarei de me sentir vivo ...

Jean Herbert J&H

Saturday, September 16, 2006

Quem se importa ?















Tenho as mãos sujas e gastas do trabalho diário;

Visto roupas usadas e esmoídas pelo tempo

Meus pés conhecem o solo que pisam

Carregam marcas da poeira e do asfalto.


(Que me importa? )


Um corpo cansado

Espelhado num rosto desfalecido

Trago a àgua dos oceanos no negro

Dos meus olhos e no sorriso

O sol da esperança.


(Que me importa?)


O chão é a minha cama

Meus sonhos são pesadelos que não conheço

Não pergunto e não obtenho respostas .

E vivo sem saber quem me escolheu.


( Que te importa ? )


Não sei quem me escolheu

Para viver neste Mundo

Quem me deu asas para atravessar o deserto

E de seguida roubou-as deixando-me ferido.


( Que te importa ? )


Se o Mundo é guerra, se a criança é fome

Se a morte não é novidade

Se o ódio te alimenta

E a injustiça te persegue.



Que te importa Homem

Que eu seja mais um

A quem darás miséria por companheira

O desespero por cela .



Que me importa Homem que não me oiças

Se as palavras atravessam fronteiras ?

Friday, September 08, 2006














Quero pedir-te permissão

para que as estrelas me

acompanhem até junto a ti

nesta hora que perdi a razão.

Quero pedir-te permissão

para cravar as mãos na terra

que te sufoca e rasgar o manto

branco que cobre o teu rosto.

E por amor, concederes-me

permissão para morrer

a teu lado ...


Jean Herbert J&H

Tuesday, September 05, 2006














Porque chorar
Se varremos as ruas com
o compasso dos nossos passos ?

Porque chorar meu amor,
se ainda não amanheceu
e a noite é uma criança?

Se andei por aí perdido
e me achei no sorriso
que me deste.
Na ternura do teu olhar...

Porque chorar meu amor
Se foi contigo que conheci
as estrelas.
O mar e os seus mistérios.

Como posso continuar
Fingindo que não te vejo chorar
Deixando preso o que já ganhou asas.

Porque chorar
Se sou o motivo
A angústia e o medo ?

Porque choramos
O adeus do que vivemos
A partida do sentimento

Porque choramos
Das marcas que ainda nos ferem
Das vozes e do sangue que nos pertencem?

Porque um amor deixa marcas;
Porque não se esquece ;
Porque não cicatriza ;
E porque na sua partida
Choramos ...


Jean Herbert J&H

Monday, September 04, 2006

Não há mais nada p'ra além da poesia














Eu sonho ser Poeta
De paixões e traições
Poeta de ciúmes e queixumes.
Por vezes vádio .

Um poeta analfabeto
Profeta das palavras oprimidas
Escudo de versos atrevidos.

O poeta não viaja
Não come e não dorme
O poeta é assim mesmo
Um malabarista das emoções.

Sonho ser Poeta
Penetrar a palavra e a rima ...
Misturar a saliva e o prazer,
de matar o tédio nos olhos
que me pertencem.


O poeta é assim mesmo
Uma chuva oblíqua
De origem tropical.
O poeta é um pôr-do-sol
no Quénia .

Não há mais nada
P'ra além da poesia
E se mais houvesse,
deixaria morrer de espanto
o sonho de ser Poeta...




Jean Herbert J&H

Friday, September 01, 2006

Já te tinha dito ...?












Deves-me os beijos que
as nossas bocas não morderam.

Deves-me os olhos que
por vezes cegam .

Deves-me o azul do mar
as pedras e as rochas.

Deves-me a mão que
procuro em vão.

Deves-me o cheiro
das ondulações dos teus cabelos.

Deves-me um pedido de desculpas
um abraço e mil sorrisos.

Deves-me um lugar à chuva
um doce luar de Agosto.

Deves-me todos os momentos que perco
quando te procuro nos meus sonhos...

...e eu devo-te a vida .

Jean Herbert J&H

Monday, August 28, 2006

Placere















Nesta cama vazia de sentimentos
existes no cheiro dos lençois
nos suores das almofadas;

A tua pele ainda percorre
a seda do vestido que abandonaste
pelo chão húmido dos nossos fluídos,
das nossas bocas que se mordiam.

No ar ainda flutuam
aromas de um incenso afrodisíaco.
Nas paredes as tuas mãos
confessaram as noites que nos possuímos.

A porta entre entreaberta
uma parte do ceú à espreita
um dia enevoado da nossa
anelante respiração.

A sombra da tua silhueta
o grito da tua alma nas minhas mãos
A marca das tuas unhas
que desenharam no meu corpo a tua intensidade.

E o dia caiu sob o peso
do nosso último e mordaz orgasmo.
Um delíquio em dois corpos
vencidos pela húmida paixão .



Jean Herbert J&H

Friday, August 25, 2006

Canto













Nesta manhã soalheira
em que ainda estavas
em outras Primaveras;
Um Anjo com a sua seta
expulsou-me do Paraíso.

Fui eu que assim me quis
doente e imundo;
Sangrando e implorando
a sede dos teus lábios
a tua garganta seca .

E a voz que soa
na sua imensa rouquidão;
Crava espinhos na tua mão
amachuca as palavras e rasga
as letras do perdão.

Tu, somente tu sabias
construir castelos na areia
Rir com a espuma das ondas
saborear a maresia...

Eu não !!

Eu...
Fechei as portas! Tranquei as janelas;
Pois assim quis;
Que a Primavera não trouxesse
o cheiro da loucura dos loucos
que abandonam um amor com medo de amar.

Jean Herbert J&H

Thursday, August 17, 2006

O que tenho para te dizer













Tu és a noite iluminada
és os passos que dou
As palavras que soletro
a música que oiço.

Eu sou a paz da tua alma
O silêncio e a culpa
Sou o lago sereno
que te invade por dentro.

Oh... Amor, deixa-me que te diga
Que tu és o que eu chamo
de fina flôr do dia
És o momento dos meus momentos.

Amor deixa que te fale
baixinho ao ouvido as confissões
que o meu peito esconde.

Eu sou o peregrino
na realidade dos meus sonhos
Sou a metade que não procuras
o inimigo da tua teimosia.

Amor...
Sinto que tu és
o motivo, o acto e o facto...

E eu que te chamo
sinto que me falta a coragem
pois se te vejo deixo de respirar..

E nós somos amor
o que nunca fomos
e nem seremos ;

Escravos do nosso amor ...

Jean Herbert J&H

Wednesday, August 16, 2006

Não sei





Não sei se me culpo
desta agonia constante

Ou se mato o sentimento
de querer e não poder

Não sei se o rio irá
mudar o seu curso

Ou se remo em vão
no barco de sonho e ilusão

Não digo que não quero...

Ou se querendo mordo os
lábios de revolta

Não sei se o momento é propício
se é lícito cortar o meu pescoço

Deixar marcas na minha mão ...

Não sei se morro pela poesia
ou me condeno por esta paixão.

Jean Herbert J&H

Sunday, August 13, 2006

Beijo



O beijo que te pedi
pedindo pecado amor;
recusaste-o matando teus
lábios em outros lábios.

Quem te escolheu
para seres dona desses lábios
Onde mora o silêncio e a paixão?
Quem te fez dona da razão ?

Se as tuas palavras
forem guiadas pelo vento
não haverá segredos
pela tarde tardia.

Foi o beijo que te pedi amor
que imaginaste ser um adeus
Foi esse beijo amor
que a metade da tua boca

... recusou.


Jean Herbert J&H

Thursday, August 03, 2006

Poema a uma viúva ...

















Quando eu cair no esquecimento amor
quero que reúnas todas as minhas cinzas
e alimentes o mar com elas.

Quando as minhas palpebras eternamente
se unirem amor, quero que cantes
a mais linda canção que souberes.

Não irás verter uma lágrima
sobre o meu féretro meu bem
proíbo-te de marcares o meu adeus com o teu sal.


Nem o pó dos pés calejados quero sentir
quando me acompanharem ao cáspio;
Pelo lento caminhar, quero sentir as palmas eclodirem.

Quando eu morrer amor deixarei a herança
em teu coraçao para que os nossos rebentos
saibam que vos amei até ao último suspiro.



Jean Herbert J&H

Saturday, July 29, 2006

Ainda sei amar

Não deveria escrever como fazem
os grandes poetas que no delírio
da tinta sobre o papel
vencem a loucura da solidão

Não deveria pensar como fazem
os filósofos mais audazes
pensar sobre o inexistente
ser apenas eloquente

Não posso cantar como canta
o mais nobre cantor
que compõe uma canção
e a transforma em horas de prazer

Não posso sonhar como sonham
as crianças em seus dias
que sonham sofrendo que
sorriem porque constroem a paz interior

Não posso orar como oram
os mais ilustres oradores
que se aplaudem a si mesmos
nos aplausos de uma plateia

Não posso ser ninguém que eu
queira, não posso escrever nem pensar
não consigo cantar ou apenas sonhar
não consigo orar quando não existe plateia

E o meu único trunfo é desenhar sobre a areia
que não sou nada e sou tudo,porque ainda amo;
é segredar à natureza e deixar que o voo ligeiro
de uma gaivota me invada enquanto . . .

... sinto que posso amar .


Por vezes saber amar faz todo o sentido quando de nós pouco resta .
Jean Herbert J&H

Wednesday, July 26, 2006

simples ...

Era tão simples quando ela
lhe dizia novas palavras, tão
reconfortante quando suas mãos
lhe percorriam a face . E antes do
silêncio entre ambos, seus lábios
se entrelaçavam e suas mãos
bailavam apaixonadamente.
São pardais nos seus ninhos,
são donos de um território
onde habitam ambos da mesma forma
onde ambos soletram as mesmas palavras
onde ambos são crianças adultas
Território que não se vende.
...De uma beleza rara esses corações
apaixonados.



Jean Herbert J&H

Saturday, July 22, 2006

Cama deserta













Nem me deixaste acabar de saborear as
doces palavras que o silêncio
roubou numa rua deserta.

Disse " fica" e não sei neste momento
o sabor do pão, o trigo maduro , a
cama deserta, o adeus no escuro.

Um minuto amor em que te vi partir
e nesse mesmo minuto parti
e não mais soube regressar.

Nem me deixaste acabar de perpetuar
as palavras em ti, para que partindo soubesses
que nesse instante levar-me-ias contigo.

Oiço-te vindo de um vento norte
e durmo querendo morrer, não sei se é
de fome ou de sede esta tua ausência.


Jean Herbert J&H

Friday, July 21, 2006

Carta aberta ...



Enquanto formos enormes aos olhos alheios e as nossas conquistas incomodarem outros tantos, iremos cair sempre para que possamos renascer ainda mais audazes.

Assim dou início ao meu desabafo com este recanto que tão bem me escuta. Não importa a alegria ou a tristeza, não importa o saber sorrir ou esconder as nossas lágrimas. Não importa os amigos que vamos conquistando nem os inimigos que vão surgindo. Não importa o Pai ou a Mãe, o irmão ou irmã ou o que vier por acréscimo.

Importa isso sim, saber VIVER , importa estar vivo e não apenas respirar, importa gostar da nossa imagem, importa acordar todos os dias e agradecer a Deus mais um dia que nos concede, importa nos importarmos com a nossa pessoa.

Que discurso tão egocêntrico parece ser este, mas no fundo não é bem assim. Isto tudo é fruto da experiência que fui adquirindo ao longo destes anos, das falsidades com que me cruzei, dos cinismos exacerbados, da violência dos actos e das palavras, da constante discriminação, do constante ataque fácil, das derrotas injustas e das vitórias sem " sal".

Pude concluir que a pureza que existe neste espaço, denominado Terra é algo escasso, plantamos sementes ao acaso e se brota uma amizade pura temos que a preservar, criar um escudo ao seu redor para que as adversidades não a fustiguem. E para que tudo perdure, importa VIVER e sobretudo SABER VIVER, saber escolher entre o verdadeiro e o falso, saber engolir "sapos" , saber chorar em silêncio. Só assim podemos dizer que somos vitoriosos, pois por mais amigos que tenhamos, que prazer nos darão eles se não forem fruto da nossa colheita? Por mais família que tenhamos, que agrado nos darão eles se não reconhecem o nosso valor, se nos exigem e não retribuem?

Tudo isto, para dizer que se queremos atingir os nossos objectivos, queremos ter boas colheitas de amigos, ter o respeito dentro da família e o carinho, ter o reconhecimento do nosso valor, devemos VIVER em nós e para nós, para que possamos sabendo viver, ensinar e cativar, criar um ciclo vicioso em que os que vivem vivendo a vida dos outros, sejam aqueles que nos irão aplaudir um dia.

Estes dias perdi, falhei alguns objectivos, caí inúmeras vezes isto tudo porque vivi a vida dos outros, porque me ocupei com o que não era meu e hoje querendo-me levantar, vejo-os vivendo a vida deles... só a deles.

Mas é hoje que me irei erguer, com a lição bem estudada... sabendo que por mais que seja derrubado irei me erguer sempre, porque VIVO e porque agora SEI VIVER.


Um abraço e muitos beijinhos

.... e VIVAM .


Jean Herbert J&H

Saturday, July 15, 2006

Ela é a minha droga














Ela é a minha droga, o meu desespero
motivos soltos, setas ardentes
olhos salgados.
Ela me consome, faz-me sorrir
vem ao longe, faz-me chorar
mora tão perto ... faz-me perder.
Por anos passados e os que ainda
estarão por acontecer, é a minha droga
o químico que percorre o meu corpo
a dose voraz que entorpece
meus movimentos...

( Ouvi dizer numa das vozes...)

Que linda e perpétua seria ela
outras tantas vozes concordaram
outros tantos a consumiram sem saber.
E por mim ela será sempre a minha droga
odeio-a mas desejo-a, corroi-me mas alimenta-me
magoa-me mas reconforta-me
terei que a consumir todos os dias.
É a minha droga... a vida a minha única droga.


Jean Herbert J&H

Saturday, July 08, 2006

Donde as cinzas renascem .

Vamos sorrir, vem comigo
sentir a brisa que beija
a tua face.
Vem comigo, sente a paz que
te rodeia, é serena a noite,
é macio o solo onde matas o sono.
Ouves cantar ao longe, negas
seguir-me, abraças-me friamente
e eu solto-me numa mesma frieza.














Vem comigo, apenas e só vem comigo;
não te prometo as rosas que ontem floriram
não te ofereço o azul celeste
nem o verde mar...
Vem comigo, vamos construir
a intensidade em cada dia, não pensando
no amanhã...vamos arder numa outra fogueira.
Naquela onde o ontem ja não faz sentido,
o presente já foi esquecido e onde o futuro são cinzas.


Jean Herbert J&H

Tuesday, July 04, 2006

Voices


Oiço vozes vindas do nada, presentes
sobre o tudo e convictos de nenhum.
Vozes que se propagam e se reconduzem
a si mesmas, vozes dispersas.


Dizem ser profecias, soluços de uma
criança, choro de um piano...
Não é que não as queira
ouvir, sabes bem o que se transforma
sempre que as escuto.

Oiço vozes, passei anos ouvindo-as
ferindo-me e ferindo-as...

De todas que ouvi, de todas
que me incendiaram os olhos
Nenhuma se perdeu, nem outras direcções
seguiram, cruzaram teu peito e atravessaram a tua boca
e vieram morrer em mim ...

Que me importa que essas vozes me digam
que tu e eu somos rios desencontrados? Que me fira
longe da tua presença? Que me acrescentam a alma
essas vozes desordeiras ?

Nada amor...nada
oiço-as todos os dias
aqui e acolá, ontem e hoje
irei ouvi-las sempre, mas de todas que já ouvi
é o teu " Amo-te " que mora em mim.


Jean Herbert J&H

Sunday, July 02, 2006

Amor das horas presas ...




Envolvemos os nossos corpos
em artes ocultas; um trago de
sentimentos perdidos,
suaves reminiscências.

Ficamos doentes de uma cura
indesejada, de uma solvência
das nossas línguas dançando
em secretos movimentos;

E eu vacilei na direcção
em que te perdias;
Salvei-me de me perder para te encontrar.
Encontrei-me não te achando.

Adormece fielmente ao meu lado,
dá-me metade da tua respiração
dá-me o bater das tuas pálpebras
porque é na noite que te sinto mais próxima.

Amor das horas presas...

Jean Herbert J&H

Saturday, July 01, 2006

Não nos pertencemos
















Tu me pertences e eu te pertenço
haja a verdade nos nossos dias
há momentos que o prazer não
pode negar,

Há brilhos em olhos alheios
que a noite não pode ocultar.

Eu te pertenço e tu me pertences
falemos de amor sem pressas;
nem grandes inquietações
há ramos partidos que ainda não cederam.

Vem até mim fundir teu corpo no meu
e se a chuva cessar vem até mim
musa Afrodite trazendo o sol

Tu me pertences eu te pertenço
assim como o sol e a chuva, ambos dividimos
o espaço celeste com as estrelas, ambos
somos opostos...

Não me pertences e nem eu te posso pertencer,
eu te completo, tu me completas
assim como a chuva e o sol,
ambos nos amamos, ambos nos completamos...


Jean Herbert J&H

Thursday, June 29, 2006

Viajo em silêncio













Viajo em silêncio para uma outra
margem do rio;
Sento-me desolado e contemplo
o meu corpo à deriva, aprecio
o lento processo de decomposição.

Todos os espinhos que
me feriram e as setas que
me atingiram, desvanecem
na fronteira entre o nada e o mar

Minha alma apartou-se do
meu corpo, soltou-se das amarras
do passado.

Riem-se alguns tolos quando
num apíce o meu corpo
afunda sobre um pacato
rio.

Riem os demais, gracejos
e injúrias, falsos amigos, falsos
companheiros, falsos laços de sangue.

Minha alma de outro lado da margem
sente bem o peso no olhar que carrega,
sente o frio que o gelou em horas difíceis.
Sente o fogo ardente das palavras que o consumiram.

Ainda assim ela respira
respira porque sabe que o corpo se desgasta:
que a facilidade do embate do ódio é constante

Ainda assim a minha alma sorri
da malícia tola dos fracos
e cegos seres, que da outra margem
soltam palavras ao acaso.

Não adianta, não pensem, não ousem
tentar destruir o que a essência construio;
Desgastem o corpo, causem olheiras,
e um olhar mórbido, porque minha alma
será sempre a outra margem que nunca irão alcançar


... tolos.


Jean Herbert J&H

Saturday, June 24, 2006

Um Beija-flôr ensinou-me...



Bateu a porta e deixou-me
com a minha última recordação
seus cabelos soltos levaram um segredo.
Era o final de um inverno e o início
de uma estranha e trémula Primavera;
Em frente ao portão jaziam
as últimas folhas, marcas de um
inverno ainda meio presente.

Resolvi soltar-me dos lençois
que ainda me abraçavam
das rimas e dos versos;
dos constantes desencontros,
da vergonha de sorrir,
do cheiro da sua pele em mim.

Almejava um lugar no meio
da multidão que inundava
as ruas.
Levava um rosto de vergonha,
lavado por umas pecadoras
mãos, mãos finas e gentis;
Mãos que apertei sobre meu peito,
Mãos que me acenaram no adeus
Mãos que violentaram o bater da porta.

Segui a vontade
de encontrar brilho num
sorriso alheio;
Voei apressadamente para o exterior;
Se me assustei? Certamente ...
Mas de alma consolada dos tiros
perdidos de uma arma inocente,
que mata lentamente;

Vi nesta minha envolvência
entre o amargo e o doce, uma
associação heterogénea de dois seres vivos
Sustive a respiração por breves momentos.
Reconheci um beijo inocente, um amor puro e cristalino
um dá e nada pede, um pede e nada espera.

Eu que havia perdido um amor,
procurando-me constantemente
achei-me naquele gesto simples;
Naqueles plenos segundos, soube que
amar teria sido palavra inventada
para designar o mais belo gesto
entre a natureza e o Homem.

Amar é mais que perder
é muito mais que ganhar
Amar é a simbiose
entre os que vêem o que mais
ninguém vê.

Um Beija-Flôr ensinou-me
que amar é a capacidade
que o Homem tem de contemplar
a Natureza ...


Jean Herbert J&H