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Thursday, November 30, 2006





















Prefiro que me digas
Que já não me queres
Ao invés de sentir tuas lágrimas
Em meu peito.

Os malmequeres que te dei
Perderam-se ao longo dos dias
Nas tuas mãos
Vitimas do teu íntimo.

Peço-te que me digas
De voz clara e fria
Se o que nós somos
Tornou-se uma ausente melodia.

Que caminhos são estes
Que percorremos sinuosamente?

Talvez seja minha a culpa
Desta mortificação que se aproxima.

Peço-te que me digas
O que negas aos meus olhos
Prefiro que me leves à sepultura
Onde jaz o nosso amor
Porque sem nós
Esta noite se tornou muito escura.


Poeta de Rua J&H

Tuesday, November 28, 2006


















O que eu quero mesmo
É ser poeta
Saltitar de poesia em poesia
Como se lume houvesse nelas.

Não quero estudar leis
Sejam elas quais forem
Nem decorar fórmulas exactas
Projectos, ser Doutor, Engenheiro.

Não, não, nada disso eu quero
O que me devolve o sorriso no rosto
É ser poeta e o que eu quero mesmo
É ser poeta.

Prefiro não ter casa certa
Debulhar a terra para comer
Nem roupas eu quero, vejam bem
Só quero a poesia, e o alimento que ela contém.

E se duvidarem do que eu digo
Tirem-me a música, a televisão
Façam-me sentir mendigo.

Tirem-me as vitórias que alcancei
O carinho dos demais.
Só não me tirem o papel e a caneta
Que o meu sonho é ser poeta.



Poeta de Rua J&H

















Um Homem de coragem
É aquele que cerra os dentes
De uma raiva não contida
E chora o seu semelhante em silêncio.

O que procura no seu mundo
A alegria de uma razão lógica
E se espanta ferido em si
Ao saber que é fonética.

Aquele que usa as palavras
Mais duras e as transforma
Como o lego nas mãos de uma criança
Fazendo da mágoa a esperança.

O que sabe perdoar os gestos mais ferozes
Os gritos de várias vozes
As mãos que ferem sem piedade
A dignidade que lhe pertence.

O que respeita a sua alma gêmea
E não usa do punho
Para haver macho ou fêmea.

Um Homem de coragem
É o que tem medo
Não da morte nem da dilacerante dor
É o que tem medo de esquecer por um dia
De sentir a beijar a sua boca

A palavra amor ...



Poeta de Rua J&H

Saturday, November 25, 2006






















Gosto quando me olhas
É como se duas chamas
Brotassem dos teus olhos
E me fizessem sentir criança.

Então brinco e esqueço
Que a vida é curta
E nós seremos marcas
E cinzas, talvez amanhã.

Gosto quando te despes
Dos medos e angústias
E danças de alma desnuda
Nos dias em que a lua te faz nascer.

E se fores tu quem eu procuro
Farei crescer no papel
O trilho azul da tinta
Que da noite faz dia .

Gosto quando me chamas
E me das a conhecer a tua voz
Calma e taciturna.

Gosto quando te amo
Porque é tão longo o dia
Tão dolorosa a monotonia
Que permaneço inerte.

Querendo saber
Se és quem procuro.


Poeta De Rua J&H

Thursday, November 23, 2006
















Já dissemos adeus
Não foi a primeira vez
Doeu-me no primeiro
Matou-me no segundo .

A culpa reparto eu
Entre o esquecimento consumado
E um coração bandido.

Tu viste-me ao acaso
Terias fechado os olhos
Mordido os lábios de ódio

Mas não o fizeste
Seguraste o meu braço
E ofereceste-me o sorriso
Que sempre foi meu.

Mal sabias que nesse instante
Começei a morrer
Sabendo que no adeus seguinte
Conseguiste-me esquecer.

Mataste-me no segundo ...


Poeta de Rua J&H

Wednesday, November 22, 2006















Dei-te um pouco de terra molhada
Que a chuva havia beijado

Outras riquezas não tenho
Que a terra é sempre terra

Dei-te um pouco de terra
Sem espadas nem setas de sonhos

Dei-te um pouco dos meus versos
Não os li, lê-os tu

Dei-te o que não é meu
O que não tem dono nem gente

Dei-te o sangue dos heróis
O branco dos lençois

Dei-te terra molhada
Mais nada tenho

E fi-lo pela madrugada
Quando os anjos poisaram

As asas em ti minha amada .

Poeta de Rua J&H












Amemo-nos devagar
Que em outras vidas
Não nos amamos
Morremos da sede que consentimos.

Amemo-nos ao cair do crepúsculo
Lá onde a imaginação não alcança
E os pés calejados não afrontam
Nem os deuses te prometem o altar esponsalício.

Amemo-nos de mansinho
Que de outro modo
Perco na boca a lucidez
E nos lábios a promessa do ósculo.

Amemo-nos p'ra lá do tempo
Onde as nossas reticências são vírgulas
Onde as interrogações são afirmações
Amemo-nos com as incertezas em nossos corações.

Poeta de Rua J&H
















Tenho pena de mim
E não me condenem por isso
Na veia é sangue e suor
No rosto um espelho de dor.

Tenho pena de mim
Assim que sinto o frio
Caio no verso
Como na alma o desejo.

Ensaio uma peça teatral
Mas nao sei a vestir
Dispo quando me deixam
A capa que me encobre a vontade.

Não rufam os tambores
Falam-se, mas não os vejo
Tenho pena de mim
Ah ! Se tenho ...


Poeta de Rua J&H

Thursday, November 16, 2006











Andaram amarrados
Pelas ruas abertas
Beijaram-se em doses
Seus corpos suados.

E quando perceberam
Que o amanhã era hoje
Morderam-se de beijos
Pelas ruas da mãe Lisboa

Morderam-se de desejos ...

Foi então que perceberam
Que devagar se amaram
E só hoje fizeram
O que a noite faz com as estrelas .
Poeta de Rua J&H

Monday, November 13, 2006

















Da boca ninguém fala
Terá ela os segredos
Que ninguém quer ouvir
Não sei ...

Amanhã é dia fresco
Todos o procuram em jejum
Da boca ninguém fala
Não há sossego nenhum.

Não tive Mãe nem testemunhas
Do nascimento de alguém
Nem mãos que me bateram


Terei na eu na boca o veneno nascituro
De mim ninguém fala
No ventre onde me sinto uro.

Poeta de Rua J&H













Ando pelas ruas
E vejo o verde das estátuas
Falo comigo mesmo
Como se de loucura se tratasse.

Mas não sei ser louco;
Ser louco é uma arte
Que parte e reparte
Talvez Marte.

Ando cansado
Quero fazer-me em ti
Doer-me na tua ferida

Ser espada de cetim
Aroma de alecrim
Estrada sem fim.

Poeta de Rua J&H

Saturday, November 04, 2006

Quis eu amá-la
Como a mulher
De esperanças
Ama o filho.

Quis eu em meus braços
Sentir o pulsar
Em seu peito


Quis ela tocar-me
Por inteiro
Saber se a minha pele
é um aveludado pêssego.

Quis ela procurar
As respostas
Que não existiam
Os tratados de juras e beijos.

Os medos que
Eram fantasmas
As horas que se despiam.

Quisemos nós
Conhecer o perigo que
Somos.
O risco que corremos
Quando de amor
Falamos.

Poeta de Rua J&H
Chama-me pelo
Nome que te
Arrepia e conduz
Ao êxtase.

Desenha a minha
Boca.
Ébria de terebintina,

Talvez tenhas
Razão.
Ao me veres indiferente
No teu jogo.

Fui eu que deixei
A rosa secar.

Fui eu que namorei
A lua de todas as noites.

Que rasguei
O que trocamos de palavras.

Chama-me na voz
Que me segura a mão
Que o amanhã é morte.

Poeta de Rua J&H
Não te posso poetizar
Tu és a poesia
Amante do crepúsculo
Senhora das vozes
Em que me oiço.

Tu és poesia
Não tens dono
Não me pertences
És de nenhures.

Surges da mais
Pura nascente e procuras
O mar com a boca que
Me negas.

Não te posso querer
Como quero a flôr
Ou a tua voz que me cicia.

Não te posso acompanhar
Por entre as dunas
Nesses lábios de pecado.

Mas posso querer-te
Procurar-te
E almejar-te
Não sendo ninguém
Sou parte de ti ...


Poeta de Rua J&H