aquele em que sou Rei de um vasto trono
e outro em que me dispo de um nada que sou
de um nada que me absorve
Se grito por dentro de um rio
assusto e agito um mar de recordações
que insistem em jamais voltar
assim viver se torna uma arte
Uma arte que ainda não possuo
ainda que eu quizesse a possuir
não a encontro, ainda que eu
a vivesse, não a consigo sentir
O mestre e a sua arte são imutáveis
e o díscipulo que sou ainda é uma criança
que vende a sua alma a um preço que não se compra
que a vende em troca de uma amizade.
E hoje é o momento em que me dispo
do nada que sou, de um nada que me absorve.
Amanhã talvez me sinta Rei de novo
mas hoje, é o nada que me varre a alma.