Total Pageviews

Sunday, April 30, 2006

Um nada que absorve

São meus estes dois momentos
aquele em que sou Rei de um vasto trono
e outro em que me dispo de um nada que sou
de um nada que me absorve

Se grito por dentro de um rio
assusto e agito um mar de recordações
que insistem em jamais voltar
assim viver se torna uma arte

Uma arte que ainda não possuo
ainda que eu quizesse a possuir
não a encontro, ainda que eu
a vivesse, não a consigo sentir

O mestre e a sua arte são imutáveis
e o díscipulo que sou ainda é uma criança
que vende a sua alma a um preço que não se compra
que a vende em troca de uma amizade.

E hoje é o momento em que me dispo
do nada que sou, de um nada que me absorve.
Amanhã talvez me sinta Rei de novo
mas hoje, é o nada que me varre a alma.

Jean Herbert J&H

Saturday, April 29, 2006

A palavra e o medo


Atravessei o medo entre as ruelas cinzentas
percorri o vazio de um mês na tua mão.

A porta que a saudade fechou
entre os murmúrios de duas ondas gêmeas

Se te vejo entre o acaso dos nossos dias
esqueço-me de respirar ...

Habitei os teus lábios, esses mesmos lábios
onde o beijo a Primavera esconde

O teu reino de fogo sobre pedra
incendiou o crepúsculo apático

Atravessei o deserto sofrido de uma incerteza
sentei-me no meu livro e o medo se desfez em palavras

São palavras, apenas palavras
nada mais que palavras, o medo de te ver .


Jean Herbert J&H

Tuesday, April 25, 2006

Um Abraço



Escrevo tanto e tanto sei

ser poeta na tua presença

sentar-me sobre o vazio das nuvens

e declarar ao vento minhas metades.

Escrevo nada e nada sei

nem poeta serei mais

perdi a existência

na tua ausência

Sejamos então um abraço

um nó que não desata

para que encontre escrevendo

o poeta que se aparta ao te ver sofrendo

Sejamos a âncora ontem, hoje e amanhã

porque o medo deu lugar ao Amor

e a criança que em tempos assustada chorou

hoje existe e sabe que amou.

Jean Herbert J&H

Friday, April 21, 2006

Quando tu choras Mulher...

As Andorinhas abandonam o seu ninho,
o crepúsculo é doloroso quando tu choras Mulher

O Mundo é a inquietude da criança que te escuta
e o segredo são gotas de orvalho na tua face

Mulher se tu sorris são amores encontrados nos teus lábios
se tu choras Mulher não há primavera, é um Amor a partir

No espaço ilimitado em que se movem os astros
o teu olhar embala a mais bela estrela

A realidade é turva, pois dos mais belos olhos
brotam as lágrimas mais pesadas Mulher

Se a criança que carregas em teus braços te sorrir por um momento
saberás Mulher que hoje as tuas lágrimas inundaram o firmamento

E a verdade é só uma, por cada lágrima tua Mulher
os Homens perdem a noção da lua

Vejo a dor no teu semblante apresso-me a escrever
é um recado que dás ao Mundo, uma lição a saber.

Quando tu choras Mulher ...

Jean Herbert J&H

Wednesday, April 19, 2006

Branca como cal

Aquela parede branca como o cal
era o nosso retiro, o nosso amparo.
As tardes ali passadas, numa troca de olhares
trouxeram a intimidade, entre nós e uma parede branca como o cal

E se todos os dias ali te esperava
porém agreste com a tua demora
ao te ver chegar colhendo flores musa angelical
o meu ser resplandecia, junto aquela parede branca como cal

O beijo prometido servia de ritual
e as flores colhidas ornamentavam
aquela tarde, mais uma longa tarde
mais um longo entardecer, junto à parede branca como cal

Mas, por infortúnio do destino
o além falou mais alto
a pesada partida sem regresso
o teu adeus à vida, meu Deus aquele adeus ...

Os dias eram noites
e a demora outrora agreste
virou desespero e loucura
desejo sem aventura

Muitos anos se passaram
muitos, muitos meu amor.
Tornei-me num ser errante
carente da tua presênça, das tardes passadas.

Aqui estou eu sentindo o final
escrevi todos os dias a saudade
que me consome e hoje escrevo pl'a última vez
louco mas apaixonado.

Lanço um breve olhar ao horizonte
escrevo sem demora, que sou teu
sempre teu e muito teu amado.
Abraço em tom de despedida a tal parede.

E ali adormeço num sono sem retorno
deixando a história viva de um amor angelical
entre os que passam e lêem as nossas tardes
naquela parede, outrora branca como cal.

Jean Herbert J&H


Monday, April 17, 2006

Silêncio de um amor

Tu és rosa, água límpida que banha

o meu oceano, não tenho no peito o lugar

que merecias divindade feminina.

Azul cetim, sobre o leito onde a paixão

incendeia a lembrança triste e suave

de um amor cúmplice no seu silêncio.

Tu és o que restou entre dois seres

amantes da solidão, vitimas da saudade

de um tempo que se diluiu nas lágrimas

de um amor entre dois silêncios.

Jean Herbert J&H

Sunday, April 09, 2006

Funesto olhar





Apropinquou-se sem me aperceber
lançou um funesto olhar
seus olhos aveludados
ludibriaram os meus
E em sua chegada
rosas floriram a seus pés
causando opróbrio
entre a sua alma e o meu ser
Entre o crepúsculo da tarde
e o crepúsculo da manhã
resolveu apartar-se
seu perfil desenhado
entre as sombras que a acompanhavam
deixou à mercê um coração platónico
condoendo-se por entre o peito de um poeta


Jean Herbert J&H

Saturday, April 08, 2006

Ser Obsoleto

Ah... perdoem-me
sinto-me obsoleto
não me usem sem motivo
sou um ser dissoluto

Eu que era varonil
perdi a consciência
da tua efémera partida
resignei-me a ser incompleto

Ah... perdoem-me
não tenho posses, nem rios
nem vales, nem montes
estou desnudo perante o mundo

Eu que era intrépido
desertei-me da tua presença
atemorizado pelo sentimento sanguinolento
Ah... perdoem-me sinto-me obsoleto

Jean Herbert J&H

Dreamer

Trago em mim um sonho
um desejo, uma vontade
uma magia, um segredo,
uma oração, um pecado.

Vive silêncioso no pedaço
que ainda lhe resta
permanece por dias, meses e anos
o sonho proíbido

E se a realidade dos factos
ferir minha alma com seus espinhos
vertendo o meu sangue sobre o chão impuro
sonhando estarei, recusando abrir mão de um sonho tão puro.


*Tenham a coragem de lutar sempre pelos vossos sonhos, sejam eles dolorosos ou prazerosos, lutem por aquilo que acreditam, pelos vossos ideiais, construam sonhos, criem laços... unam as mãos, SONHEM.


Jean Herbert J&H

Sunday, April 02, 2006

Velhos são os trapos...

Suas mãos calejadas
do frio, da intempérie
Seu rosto pesado dos anos
do cansaço, da labuta diária

Seu corpo frágil
carregando o sofrimento
de outros tempos
das dificuldades vencidas

Seus olhos porém eram brilhantes
como o cristal
seu sorriso enternecido
a sua paz de espírito contagiante

Soava o aviso na carruagem
repleta de rotinas
e eu continuava preso naquele ser
embevecido na experiência que emanava

Chegado ao meu destino
apressei-me por entre a confusão
procurando a saída rumo à minha rotina
...mas aquela imagem até hoje permanece na minha retina.


Jean Herbert J&H

Saturday, April 01, 2006

Parabéns

Hoje, irei variar um pouco na escrita, não escrevendo poemas mas sim parabenizando o Blog.
Completa hoje um ano que dei a conhecer uma paixão minha ao "mundo", chorando palavras foi o titulo que mais se adequava e adequa ao que eu penso e sinto quando falo ou escrevo. Será contraditório o pensamento de quem lê o que escrevo, deverá no seu intímo dizer " Mas porque poemas de amor, amizade, solidão, sofrimento tudo e nada a ver com o Chorando?". A palavra e o titulo em si está repleto de emoções, chora-se palavras de alegria, de amizade, de emoção, quantas vezes abraçamos e rimos chorando de contentamento quem nos é mais querido ? Quantas vezes berramos para que nos oiçam e no fundo continuamos a chorar palavras que só nós entendemos.

Pois é minhas amigas e meus amigos, é chorando de alegria que hoje agradeço a todos que diariamente ou esporádicamente perdem uns segundos a lêr o que vai na cabeça de um rapaz comum a tantos outros, mas apaixonado pela escrita.

Espero conseguir ter a força quando ela se escasseia, a coragem quando ela se esconde de agarrar uma caneta ou um teclado e escrever o que me ocorre no momento.

Saibam aproveitar as oportunidades que irão surgir nas vossas vidas, saibam distinguir o bem do mal, saibam arriscar e quando errarem saibam reconhecer, quando magoarem saibam redimir-se e quando a felicidade bater à porta não hesitem em abrir, afinal nós é que vivemos a vida não ela a nós .

Mas saibam acima de tudo Chorar as Palavras, pois o papel é o melhor confidente, o melhor amigo e o melhor conselheiro.

Um abraço e o eterno obrigado a todos que por aqui passam.

Jean Herbert J&H