continuo sentado ao teu leito colhendo esperanças
nem à sombra de uma miséria eu seria mais feliz
foram horas assim, raizes fui criando
Passaram-se anos e mais horas foram caíndo
entre o desprezo de me veres e a incerteza de te ter
fui florindo regado de um amor que apenas o sol e a lua
podiam partilhar
Ali fui ficando sempre na esperança
que daquele pequeno gesto seria o amanhecer
continuamente horas foram passando e na tua janela
rosas de paixão e medo foram desabrochando
Eu que outrora sentei-me à tua janela pálido
agarrando horas pela noite que dormias
era feito de um tronco puro e de ramos serenos
entre rosas e tulipas era apenas uma arvore esquecida
Hoje e passados muitos anos tu cresceste e mulher te fizeste
e eu aquela semente que em tempos a paixão semeara se havia tornado arvore
com um tronco tão puro capaz de alcançar com os seus ramos tua janela
que fora inalcançavel pelo descuido de não me quereres
Dessa mesma janela vejo-te dormir e dos meus ramos
estendo a lua e o sol, e nesse misto de alegria
a semente do ontem e a arvore do presente
Vê dormir a amada num sono inocente
Jean Herbert J&H