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Saturday, July 29, 2006

Ainda sei amar

Não deveria escrever como fazem
os grandes poetas que no delírio
da tinta sobre o papel
vencem a loucura da solidão

Não deveria pensar como fazem
os filósofos mais audazes
pensar sobre o inexistente
ser apenas eloquente

Não posso cantar como canta
o mais nobre cantor
que compõe uma canção
e a transforma em horas de prazer

Não posso sonhar como sonham
as crianças em seus dias
que sonham sofrendo que
sorriem porque constroem a paz interior

Não posso orar como oram
os mais ilustres oradores
que se aplaudem a si mesmos
nos aplausos de uma plateia

Não posso ser ninguém que eu
queira, não posso escrever nem pensar
não consigo cantar ou apenas sonhar
não consigo orar quando não existe plateia

E o meu único trunfo é desenhar sobre a areia
que não sou nada e sou tudo,porque ainda amo;
é segredar à natureza e deixar que o voo ligeiro
de uma gaivota me invada enquanto . . .

... sinto que posso amar .


Por vezes saber amar faz todo o sentido quando de nós pouco resta .
Jean Herbert J&H

Wednesday, July 26, 2006

simples ...

Era tão simples quando ela
lhe dizia novas palavras, tão
reconfortante quando suas mãos
lhe percorriam a face . E antes do
silêncio entre ambos, seus lábios
se entrelaçavam e suas mãos
bailavam apaixonadamente.
São pardais nos seus ninhos,
são donos de um território
onde habitam ambos da mesma forma
onde ambos soletram as mesmas palavras
onde ambos são crianças adultas
Território que não se vende.
...De uma beleza rara esses corações
apaixonados.



Jean Herbert J&H

Saturday, July 22, 2006

Cama deserta













Nem me deixaste acabar de saborear as
doces palavras que o silêncio
roubou numa rua deserta.

Disse " fica" e não sei neste momento
o sabor do pão, o trigo maduro , a
cama deserta, o adeus no escuro.

Um minuto amor em que te vi partir
e nesse mesmo minuto parti
e não mais soube regressar.

Nem me deixaste acabar de perpetuar
as palavras em ti, para que partindo soubesses
que nesse instante levar-me-ias contigo.

Oiço-te vindo de um vento norte
e durmo querendo morrer, não sei se é
de fome ou de sede esta tua ausência.


Jean Herbert J&H

Friday, July 21, 2006

Carta aberta ...



Enquanto formos enormes aos olhos alheios e as nossas conquistas incomodarem outros tantos, iremos cair sempre para que possamos renascer ainda mais audazes.

Assim dou início ao meu desabafo com este recanto que tão bem me escuta. Não importa a alegria ou a tristeza, não importa o saber sorrir ou esconder as nossas lágrimas. Não importa os amigos que vamos conquistando nem os inimigos que vão surgindo. Não importa o Pai ou a Mãe, o irmão ou irmã ou o que vier por acréscimo.

Importa isso sim, saber VIVER , importa estar vivo e não apenas respirar, importa gostar da nossa imagem, importa acordar todos os dias e agradecer a Deus mais um dia que nos concede, importa nos importarmos com a nossa pessoa.

Que discurso tão egocêntrico parece ser este, mas no fundo não é bem assim. Isto tudo é fruto da experiência que fui adquirindo ao longo destes anos, das falsidades com que me cruzei, dos cinismos exacerbados, da violência dos actos e das palavras, da constante discriminação, do constante ataque fácil, das derrotas injustas e das vitórias sem " sal".

Pude concluir que a pureza que existe neste espaço, denominado Terra é algo escasso, plantamos sementes ao acaso e se brota uma amizade pura temos que a preservar, criar um escudo ao seu redor para que as adversidades não a fustiguem. E para que tudo perdure, importa VIVER e sobretudo SABER VIVER, saber escolher entre o verdadeiro e o falso, saber engolir "sapos" , saber chorar em silêncio. Só assim podemos dizer que somos vitoriosos, pois por mais amigos que tenhamos, que prazer nos darão eles se não forem fruto da nossa colheita? Por mais família que tenhamos, que agrado nos darão eles se não reconhecem o nosso valor, se nos exigem e não retribuem?

Tudo isto, para dizer que se queremos atingir os nossos objectivos, queremos ter boas colheitas de amigos, ter o respeito dentro da família e o carinho, ter o reconhecimento do nosso valor, devemos VIVER em nós e para nós, para que possamos sabendo viver, ensinar e cativar, criar um ciclo vicioso em que os que vivem vivendo a vida dos outros, sejam aqueles que nos irão aplaudir um dia.

Estes dias perdi, falhei alguns objectivos, caí inúmeras vezes isto tudo porque vivi a vida dos outros, porque me ocupei com o que não era meu e hoje querendo-me levantar, vejo-os vivendo a vida deles... só a deles.

Mas é hoje que me irei erguer, com a lição bem estudada... sabendo que por mais que seja derrubado irei me erguer sempre, porque VIVO e porque agora SEI VIVER.


Um abraço e muitos beijinhos

.... e VIVAM .


Jean Herbert J&H

Saturday, July 15, 2006

Ela é a minha droga














Ela é a minha droga, o meu desespero
motivos soltos, setas ardentes
olhos salgados.
Ela me consome, faz-me sorrir
vem ao longe, faz-me chorar
mora tão perto ... faz-me perder.
Por anos passados e os que ainda
estarão por acontecer, é a minha droga
o químico que percorre o meu corpo
a dose voraz que entorpece
meus movimentos...

( Ouvi dizer numa das vozes...)

Que linda e perpétua seria ela
outras tantas vozes concordaram
outros tantos a consumiram sem saber.
E por mim ela será sempre a minha droga
odeio-a mas desejo-a, corroi-me mas alimenta-me
magoa-me mas reconforta-me
terei que a consumir todos os dias.
É a minha droga... a vida a minha única droga.


Jean Herbert J&H

Saturday, July 08, 2006

Donde as cinzas renascem .

Vamos sorrir, vem comigo
sentir a brisa que beija
a tua face.
Vem comigo, sente a paz que
te rodeia, é serena a noite,
é macio o solo onde matas o sono.
Ouves cantar ao longe, negas
seguir-me, abraças-me friamente
e eu solto-me numa mesma frieza.














Vem comigo, apenas e só vem comigo;
não te prometo as rosas que ontem floriram
não te ofereço o azul celeste
nem o verde mar...
Vem comigo, vamos construir
a intensidade em cada dia, não pensando
no amanhã...vamos arder numa outra fogueira.
Naquela onde o ontem ja não faz sentido,
o presente já foi esquecido e onde o futuro são cinzas.


Jean Herbert J&H

Tuesday, July 04, 2006

Voices


Oiço vozes vindas do nada, presentes
sobre o tudo e convictos de nenhum.
Vozes que se propagam e se reconduzem
a si mesmas, vozes dispersas.


Dizem ser profecias, soluços de uma
criança, choro de um piano...
Não é que não as queira
ouvir, sabes bem o que se transforma
sempre que as escuto.

Oiço vozes, passei anos ouvindo-as
ferindo-me e ferindo-as...

De todas que ouvi, de todas
que me incendiaram os olhos
Nenhuma se perdeu, nem outras direcções
seguiram, cruzaram teu peito e atravessaram a tua boca
e vieram morrer em mim ...

Que me importa que essas vozes me digam
que tu e eu somos rios desencontrados? Que me fira
longe da tua presença? Que me acrescentam a alma
essas vozes desordeiras ?

Nada amor...nada
oiço-as todos os dias
aqui e acolá, ontem e hoje
irei ouvi-las sempre, mas de todas que já ouvi
é o teu " Amo-te " que mora em mim.


Jean Herbert J&H

Sunday, July 02, 2006

Amor das horas presas ...




Envolvemos os nossos corpos
em artes ocultas; um trago de
sentimentos perdidos,
suaves reminiscências.

Ficamos doentes de uma cura
indesejada, de uma solvência
das nossas línguas dançando
em secretos movimentos;

E eu vacilei na direcção
em que te perdias;
Salvei-me de me perder para te encontrar.
Encontrei-me não te achando.

Adormece fielmente ao meu lado,
dá-me metade da tua respiração
dá-me o bater das tuas pálpebras
porque é na noite que te sinto mais próxima.

Amor das horas presas...

Jean Herbert J&H

Saturday, July 01, 2006

Não nos pertencemos
















Tu me pertences e eu te pertenço
haja a verdade nos nossos dias
há momentos que o prazer não
pode negar,

Há brilhos em olhos alheios
que a noite não pode ocultar.

Eu te pertenço e tu me pertences
falemos de amor sem pressas;
nem grandes inquietações
há ramos partidos que ainda não cederam.

Vem até mim fundir teu corpo no meu
e se a chuva cessar vem até mim
musa Afrodite trazendo o sol

Tu me pertences eu te pertenço
assim como o sol e a chuva, ambos dividimos
o espaço celeste com as estrelas, ambos
somos opostos...

Não me pertences e nem eu te posso pertencer,
eu te completo, tu me completas
assim como a chuva e o sol,
ambos nos amamos, ambos nos completamos...


Jean Herbert J&H