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Friday, December 16, 2005

Quando ninguém vê

Chovia copiosamente quando me abeirei
de ti, estavas pálida e trémula
teus pés vazios, encolhidos sobre o teu corpo
eram sinais evidentes da fraca razão que te cobria

Num olhar sofrido, deste-me a vêr as tuas pérolas
negras, que tamanhos olhos me encantaram
como pude ler neles, o que nunca antes
fôra lido por ninguém...

E assim se faziam os teus dias
pequenos, silenciosos como a
a àgua que cai desamparada
sobre o chão fértil

Tu que já foste um lindo amanhecer
foste o mundo de todos e o
poço de segredos e desabáfos
a ti que tanto te elogiaram e aclamaram

Sim, eu sei que já foste o pôr-do-sol,
numa praia qualquer, o luar de Agosto
na noite das estrelas mais belas
o cantar de um pássaro no seu ninho

E agora que chove tão copiosamente
em ti e ao teu redor, ninguém vê, ninguêm ouve
todos passam e finjem olhar em ti, mas nada olham
nada sentem e nada ouvem

Continuas fantasmagóricamente a existir...
foste sol, iluminas-te...
agora que és chuva, dor e mágoa
todos se abrigam e nada percebem em ti

Anda, dá-me a tua mão que te ajudo a
levantar, não chores mais por quem não merece
a chuva há-de cessar como por magia
então voltarás a ser a aurora de um novo dia.

Jean Herbert J&H